segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Carta aberta ao Ministro da Educação Fernando Haddad




Carta aberta ao Ministro da Educação Fernando Haddad


Exmo. Sr.
Ministro da Educação
Dr. Fernando Haddad

Os Professores demitidos pelo conglomerado Anhanguera Educacional Participações S/A em todo país alertam o sr. para a truculência dedicada aos mestres e doutores com a demissão em massa e o aviltamento de salários como práticas recorrentes da referida instituição.

Professores qualificam-se com titulação de mestres e doutores e são penalizados exatamente porque estudam.

Esse é o exemplo que o Brasil dará aos estudantes?

Que o empenho nos estudos é para ser descartado e apenas aqueles que não procuram aprofundar-se em sua carreira profissional serão premiados?

Será que faremos a exaltação do demérito e não do mérito?

Os empresários do ensino universitário privado imaginam que vivemos no Brasil colonial, em que as elites transitavam impunemente com seus desmandos pelos palácios e eram recebidas em audiência pelo governante de plantão com bajulação ilimitada.

Todavia, o Brasil republicano exige do sr. providências no sentido de impedir a concentração em cartéis e monopólios da educação, pois a educação é direito da cidadania e jamais pode ser transformada em mercadoria, como fazem os barões do ensino.

Exortamos ações efetivas do MEC no sentido de enquadrar o patronato do ensino na legislação, bem como adverti-los sobre suas responsabilidades sociais.

A ganância pode até ser interessante para os negócios.

Mas seu caráter predatório é péssimo para nosso país.

Por exemplo, o ensino a distância transformou-se em fonte bilionária para os donos de escolas, quando deveria ter caráter complementar e, principalmente, ser levado a regiões remotas do país.

Nos centros urbanos, a adoção desse recurso tecnológico tem servido apenas para a demissão em massa de professores e para a conversão das horas/aula presenciais em ensino longínquo, verdadeiro engodo para incautos.

As empresas do ramo zombam da população com suas propagandas enganosas sobre a necessidade imprescindível de incrementar a formação a partir dessa modalidade.

Cursos de formação de professores, de profissionais na área de prestação de serviços, de construção e saúde, tecnológica etc. — fundamentais para nossa sociedade — não podem ser objeto de precariedades resultantes da falta de interação professor-aluno. Afinal, o pedagogo precisa saber ensinar, o médico diagnosticar e curar, entre outras competências e habilidades obrigatórias fornecidas pelo ensino presencial de qualidade.

Ademais, é estranho que o MEC continue a subsidiar com recursos públicos verdadeiras arapucas, mormente aquelas que são reiteradamente reprovadas pelos próprios instrumentos de fiscalização desse Ministério de Educação e Cultura.

A UniABC-Anhanguera chega ao desplante de elaborar a seguinte confissão em seus folhetos publicitários:




Na expectativa do cumprimento de suas atribuições como Ministro de um governo que luta pela inclusão, aguardamos ativamente por suas deliberações a respeito do demandado pela sociedade e dos anseios dos educadores, que merecem ser respeitados e jamais podem ser espezinhados, sob quaisquer pretextos.

Coletivo dos Professores demitidos




Cidadania ativa: mobilização constante garante direitos!

1) Escreva para o MEC



Endereço do MEC
Denúncias e representações relativas à educação superior devem ser encaminhadas por escrito para o Ministério da Educação - Secretaria de Educação Superior - Coordenação Geral de Supervisão da Educação Superior - Esplanada dos Ministérios - Edifício Sede - Sala 300 - Cep: 70047-900 - Brasília – DF, ou pelo Fale Conosco, item "Demais assuntos da Educação Superior".

Palavras-chave: Endereço, Supervisão




2) Telefone do MEC


Caso deseje atendimento por telefone, o número da nossa Central de Atendimento é 0800 616161.





3) Fale com o MEC


Fale com o MEC – Educação Superior


Anhanguera é problema em todo país

SINPRO-SP protesta contra demissões em massa de professores da UNIBAN

Anhanguera Guarulhos realiza demissão em massa

Mestres são dispensados pela Anhanguera após avaliações de cursos pelo MEC http://www.sinpro-rs.org.br/noticias.asp?id_noticia=981&key_noticia=8DTC4281BwJADR2KO29d

Faculdades Anhanguera demite 680 professores na grande São Paulo

Anhanguera demite 680 professores

MEC diz que rede Anhanguera faz propaganda enganosa e dá prazo de 30 dias para reformular sites e publicidade
http://www.sinpro-rs.org.br/noticias.asp?id_noticia=750&key_noticia=4Lf195E620SHK06UZ1G8


Justiça concede liminar e anula demissões em massa da Azaleia


Liminar anula as demissões da Azaleia na Bahia
http://www.dci.com.br/Liminar-anula-as-demissoes-da-Azaleia-na-Bahia-3-403120.html


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Manifesto contra a truculência e os lucros exorbitantes da Anhanguera Educacional Participações S/A




Manifesto contra a truculência e os lucros exorbitantes da
Anhanguera Educacional Participações S/A


A Anhanguera Educacional Participações S/A, proprietária desde julho de 2011 da UniABC – Universidade do Grande ABC, deu de presente aos professores, no dia 14/12/2011, um Chocottone Bauducco. O momento natalino próximo e os ares de confraternização certamente deixaram alguns  docentes alegres.

Prematuramente! Pois souberam no dia seguinte, 15/12/2011, menos de 24 horas depois de receberem o Feliz Natal da empresa, que mais de 50% deles haviam sido demitidos.

Mestres e doutores não fazem parte dos planos da Anhanguera Participações S/A.

São onerosos! Fazem requerimento. Indagam a respeito de arbitrariedades. Repudiam o intenso autoritarismo da “nova administração”. Contestam a mudança intempestiva e para pior da matriz curricular dos cursos etc.

Para a empresa, o melhor é contratar graduandos(!), graduados e especialistas. Eles “darão conta do recado. Afinal, vão reduzir a menos da metade a folha de pagamento e multiplicar imediatamente os lucros”, principal preocupação da Participações S/A.

Estudantes e professores compreendem, ainda, os prejuízos consideráveis ao conjunto da comunidade implícitos na “reestruturação”:

a) Desemprego e intensa rotatividade dos professores de forma constante. Objetivamente, todos tiveram a demonstração empírica do modus operandi da S/A;

b) As alterações para a “reestruturação” são uma resposta às necessidades “naturais” — a S/A informou que desligou os profissionais "em função do planejamento de carga horária do próximo semestre e faz parte de um movimento natural das instituições de ensino a cada encerramento de semestre” —, ou seja, a “natureza” de dispensas da S/A sistematicamente será repetida em um ciclo semestral;

c) Introdução em larga escala do “Ensino a Distância”—, economia para a S/A, que multiplica salas virtuais e desobriga-se de contratar professores; ademais, mantém o ensino a distância dos estudantes; produz uma caricatura de interação; e, o essencial, os lucros crescem de maneira astronômica, atendendo o apetite pantagruélico de dinheiro da  S/A;

d) Matriz curricular empobrecida aumenta a dificuldade de colocação no mercado de trabalho de forma satisfatória e com um salário digno;

e) A quantidade de alunos por sala tende a crescer ainda mais, inviabilizando pré-requisitos pedagógicos mínimos para o ensino-aprendizagem;

f) Desrespeito e truculência contra a comunidade acadêmica, derivados do autoritarismo da mentalidade mercantil da S/A.


Todavia, nada disso é novidade para os mais atentos.

Em agosto de 2011, o reitor [de fato], prof. Carlos Afonso Gonçalves da Silva, prometeu publicamente ao conjunto dos professores, e depois aos estudantes, que quaisquer mudanças na matriz curricular, por exemplo, somente ocorreriam com a anuência de todos os envolvidos.

Quem caiu no canto de sereia do reitor da S/A, agora vive um pesadelo acordado.

O movimento dos estudantes, principalmente do Curso de Pedagogia, não se restringiu à manifestação em frente a filial da S/A. Procurou, além disso, advogados para salvaguardar direitos contratuais, que a S/A pretendia espezinhar sem cerimônias.

Conclamamos a todos aqueles que lutam pela educação de qualidade, dignidade e democracia a juntarem-se a este Manifesto e:

a) Repudiar enfaticamente as demissões em massa ocorridas na Anhanguera Educacional Participações S/A, bem como a lutar para cancelá-las;

b) Exigimos que o MEC se pronuncie sobre as aquisições numerosas da Anhanguera Educacional Participações S/A (Uniban, Anchieta, UniA, Faenac etc.).

De onde vem tanto dinheiro?

Quem são os reais proprietários?

Tais compras não se configuram em monopólio regional da “educação”?

A lei permite essa aberração?